CENÁRIO ECONÔMICO 2024: RETROSPECTIVA E EXPECTATIVAS
O último ano foi marcado por eventos que impactaram significativamente a dinâmica financeira no Brasil e no mundo. Diante desse cenário, nossa equipe de Investimentos, sob a liderança da Diretora de Investimentos Nilza Morais, preparou uma retrospectiva detalhada, analisando os principais acontecimentos econômicos de 2024. Além disso, a equipe traçou perspectivas para o futuro, destacando as expectativas para os próximos anos.
Olhando para a geoeconomia de 2024, observou-se os Estados Unidos seguindo uma trajetória de crescimento robusto, sendo um dos maiores entre as principais economias globais. Com essa economia aquecida, a inflação tem apresentado dificuldade para retornar à meta de 2,0% ao ano, em linha com um desemprego que tem sido próximo do nível de pleno emprego. No segundo semestre, o FED deu início ao ciclo de cortes de juros, encerrando o ano em 4,5%, patamar ainda restritivo para a economia. Contudo, a sinalização é que a economia aquecida não abre margem para cortes expressivos e, dessa forma, o fluxo de recursos global segue indo para os EUA, fortalecendo o dólar frente às principais divisas globais.
Fonte: FED / Elaboração: DF-PREVICOM/DIRINV
Outro fato relevante em 2024 foi a eleição de Donald Trump, que retornou à presidência após quatro anos. Com maior força no Congresso, a sinalização é de que consiga adotar medidas mais duras com relação às políticas comerciais e de imigração, conforme anunciado na campanha. Ainda é incerto os possíveis impactos dessas medidas, porém o mercado trabalha com a possibilidade de maior inflação para os primeiros anos.
Do outro lado do mundo, a China seguiu tentando manter a economia aquecida por meio de estímulos fiscais e incentivos para os setores imobiliários e de infraestrutura, uma vez que o bônus demográfico se encerrou. Na medida que as instabilidades geopolíticas têm se acentuado, o governo chinês tem buscado mudar a tradicional cultura exportadora para um maior consumo interno, visando menor dependência do restante do mundo para seu crescimento. Portanto, é esperado que o ritmo de crescimento chinês siga em queda para os próximos anos, com as atenções redobradas para possíveis atritos com Taiwan e o ocidente.
Fonte: FMI / Elaboração: DF-PREVICOM/DIRINV
O crescimento europeu também tem surpreendido negativamente. A Alemanha, maior economia do bloco econômico, tem encontrado dificuldades de liderar devido a uma produção industrial fraca. Dessa forma, os cortes de juros da zona do euro têm sido mais expressivos, em linha com uma inflação que tem caminhado mais próxima da meta de 2,0%.
O cenário econômico no Brasil é dúbio, com o crescimento do PIB superando os 3,0%, impulsionado por um forte consumo e baixo nível de desemprego, porém acompanhado de uma retomada da inflação, que encerrou o ano em 4,83%, acima do teto da meta. Diante disso e de uma piora nas expectativas do mercado com a política fiscal do governo, o Banco Central se viu obrigado a não somente encerrar o ciclo de cortes, mas também voltar a subir os juros para conter a alta na expectativa de inflação e a desvalorização da moeda brasileira. Diante da incerteza do arcabouço fiscal e da falta de capacidade do país reverter a trajetória de alta na relação Dívida/PIB, os investidores estrangeiros tiveram uma saída líquida acima de R$ 24,0 bilhões, a maior saída de capitais do mercado brasileiro dos últimos dez anos.
Fonte: BACEN e IBGE / Elaboração: DF-PREVICOM/DIRINV
Apesar dos mercados globais terem apresentado volatilidade diante das incertezas geopolíticas e econômicas, os índices acionários norte-americanos seguiram o bom retorno de 2023 e apresentaram forte valorização em 2024, mais uma vez impulsionado pelo ótimo desempenho de ações de tecnologia. Com o fluxo de investimentos para os EUA, o dólar voltou a ganhar força e tirar recursos de bolsas europeias e de países emergentes. No caso do Brasil, a queda foi ainda mais expressiva pelas incertezas locais, que resultou ainda em forte desvalorização dos títulos públicos.
Fonte: Quantum Axis / Elaboração: DF-PREVICOM/DIRINV
Desde o início da pandemia causada pelo COVID-19, o cenário macroeconômico tem passado por um período de diversas instabilidades globais, desde problemas de inflação persistentes a tensões geopolíticas históricas se agravando. É cada vez mais notável a polarização de ideias e a dificuldade que as nações estão tendo para chegarem a acordos multilaterais. Diante desse cenário incerto, buscamos identificar as perspectivas econômicas em discussão pelos especialistas, de modo a entender como os mercados podem ser favorecidos ao longo dos próximos anos.
- A resiliência econômica norte-americana e o fluxo de capitais
Não está muito claro como serão os próximos anos na maior economia do mundo, considerando que o segundo governo do presidente eleito Donald Trump promete diversas mudanças relevantes. Medidas de reindustrialização, desregulação e menos impostos podem manter o ritmo de crescimento em alta. Porém, há dúvidas sobre a delicada situação fiscal para os próximos anos, somado ainda a uma inflação que deve persistir diante de políticas comerciais protecionistas. Nesse sentido, o nível de juros a ser definido pelo FED nos próximos anos é incerto, porém espera-se que seja mantido em um patamar que seguirá fortalecendo a moeda norte americana. Entende-se que a relevância econômica dos EUA se manterá por período considerável, sendo a casa das maiores empresas de tecnologia do mundo e um “porto seguro” para investidores globais.
- Tensões geopolíticas e menor crescimento global: impactos em commodities.
Os últimos anos têm sido marcados pela intensificação de conflitos regionais espalhados pelo mundo e maior propensão a guerras. Com isso, diversos países começam a se mover para mudar suas políticas comerciais, de modo a ficar menos dependente de economias com posições divergentes, além de priorizar o desenvolvimento da indústria interna. Essa política, chamada de Nearshoring, se torna cada vez mais relevante no contexto econômico, sendo um alerta para uma escalada da inflação global ao longo dos próximos anos. Outro ponto de atenção, será o ritmo de crescimento global, uma vez que a Europa apresenta dificuldades para evitar uma nova recessão e o modelo de desenvolvimento chinês também dá sinais de esgotamento.
Esses dois fatores poderão ter impactos relevantes para o Brasil, principalmente relacionados ao preço de commodities. Uma parcela relevante das maiores empresas do país é relacionada a esta classe de ativos, como por exemplo petróleo, minério de ferro e agrícolas. Sendo assim, é relevante avaliar como as políticas comerciais brasileiras serão em um mundo cada vez mais imprevisível e dividido.
- Dominância fiscal e juros altos
Um dos temas mais abordados no mercado doméstico em 2024 foi a política fiscal brasileira e a falta de credibilidade do governo em manter a dívida pública controlada. Considerando que no ano passado não foram identificadas medidas concretas para garantir superávits consistentes ao longo dos próximos anos, entende-se que esse assunto seguirá atormentando e gerando incertezas para os investidores. A população brasileira entende que não há espaço para uma maior cobrança de impostos, ao mesmo tempo em que o governo tem enorme dificuldade em reduzir gastos, muitas vezes obrigatórios.
Com esse imbróglio, o crescimento do país tem sido acompanhado por uma inflação persistente, e a perspectiva é que esta siga aumentando no curto prazo. O Banco Central tem atuado elevando os juros para conter essa alta, porém o que se observa é uma política monetária cada vez menos eficiente. Nesse cenário de dominância fiscal, o único meio de controle da inflação seria uma política fiscal mais restritiva, o que se torna cada vez menos provável na medida que as eleições presidenciais de 2026 se aproximam. Com isso, a expectativa é que esse fator de instabilidade observado ano passado permaneça, exigindo que os juros sigam restritivos por mais tempo.
Diante do cenário econômico complexo e volátil de 2024, a DF-PREVICOM está atenta aos desafios e oportunidades que se apresentam. O cenário internacional, marcado pela resiliência da economia dos EUA, pelas tensões geopolíticas e pelas dificuldades enfrentadas pela China e pela Europa, traz incertezas que podem impactar diretamente o mercado global, com reflexos no Brasil. A instabilidade fiscal interna e a persistente inflação exigem prudência.
Com os juros elevados por mais tempo e o fortalecimento do dólar, a DF-PREVICOM busca se posicionar de maneira estratégica, adotando a abordagem de alocação de ativos (Asset Allocation). Essa metodologia consiste em distribuir os recursos do plano entre as diferentes classes de ativos permitidas pela legislação de previdência, com o objetivo de equilibrar risco e retorno. Além disso, procura-se minimizar a correlação entre os investimentos para reduzir o risco e aumentar a diversificação da carteira. A alocação leva em consideração os objetivos financeiros, o horizonte de investimento e a tolerância ao risco, com foco na proteção dos ativos e na otimização dos retornos diante desse cenário desafiador.
A DF-PREVICOM segue acompanhando de perto as dinâmicas fiscais e monetárias, reforçando seu compromisso com a segurança e rentabilidade de seus participantes.